quarta-feira, 16 de maio de 2007

Dias Aziagos




08 de junho de 1991

Há dias em que tudo nos dá errado, parece de mau pressentimento. Ontem, pareceu-me que o Mundo ia desabar. Passei a noite em claro, sem poder dormir, ajudando a enfermeira a cuidar de meu marido. Levantei-me, fui comprar o leite, coloquei-o a ferver e num descuido ele esparramou-se pelo fogão. Quer coisa mais desagradável para uma dona de casa que fazer limpeza no fogão? Para completar minha empregada não veio por se achar doente e meu telefone estava mudo. Já estava quase arrasada quando lembrei-me dos conselhos de um livro " Vozes Animadoras" onde o autor prega um otimismo saudável , paciência, lembrando que amanhã será outro dia. Procurei distrair-me ligando a televisão.
Dei com uma cena constrangedora: Um deputado dando um soco no rosto de um colega, ambos se acusando de tráfico de drogas, pondo em risco o decoro parlamentar (se é que ele existe). Credo! Pensei: " a maré não está para peixe". Também se eles não fazem nada , ao menos dão espetáculo gratuito para o povo com essas cenas de pugilato.
Desligo a televisão e abro o jornal. Uma notícia me deixa mais pessimista: Os brasileiros estão sendo rejeitados em alguns países, principalmente no Japão, onde nos supermercados, a sirene toca quando há presença de brasileiros devido aos roubos e trapalhadas que eles fazem. Fiquei aborrecida com o modo de agir dos nossos patrícios que estão denegrindo o Brasil. Um responde a um inquérito no Estados Unidos e outro, no Japão. Lembrei-me que minha neta deixou-me o livro " Proteu" afirmando tratar-se de um livro moderno, mas muito polêmico. É melhor lê-lo. Gostei do prefácio :
" Está se tornando cada vez mais óbvio que não é a fome nem os micróbios , nem o câncer, mas o próprio homem o maior perigo da Humanidade, porque ele não dispõe de proteção adequada contra epidemias psíquicas, infinitamente mais devastadoras em seus efeitos do que as maiores catástrofes naturais"-C.G.Yung
Ainda bem que amanhã será outro dia.

VOVÓ GUITA