quarta-feira, 11 de julho de 2007

Reminiscências

Obelisco - Símbolo da Revolução Constitucionalista de 1932
Foto: S.C.P.

10 de Julho, de 1991.

O mês de Julho me faz recordar como vi e vivi a Revolução de 1932 quando quase adolescente, era estudante em Botucatu. Naquele tempo tínhamos arraigados em nossos corações uma grande amor e orgulho pelo Estado de São Paulo. Nosso Estado sempre recebeu de braços abertos nossos irmãos brasileiros que junto aos imigrantes o tornaram o mais rico e poderoso do país.Mas essa hegemonia foi quebrada com a revanche do getulismo instalado desde 1930. Os paulistas sentindo-se esmagados pela opressão getulista se rebelaram dando início à revolta com a morte de quatro estudantes na Praça da República : Martins, Miragaia, Dráusio e Camargo que deram origem à sigla M.M.D.C. .
São Paulo todo se levantou e todos os paulistas, sem distinção de cor , raça e condições sociais se engajaram na luta. Muitos eram os Estados que apoiavam o ideal da Revolução que era exigir a volta do regime Constitucional perdido há dois anos.
Mas, quando São Paulo se levantou todos se silenciaram. Somente Mato Grosso e Paraná foram nossos aliados. São Paulo
garantiu três meses essa luta fraticida. Faltou dinheiro para compra de armas, mas, as mulheres paulistas ofereceram até suas alianças para a campanha do " Ouro para o bem de São Paulo". Foi sobre estas alianças que o poeta paulista Guilherme de Almeida fez a poesia:
MOEDA PAULISTA

Moeda Paulista, feita só de alianças,
Feita do anel com que o Nosso Senhor,
Uniu na terra duas esperanças,
Feitas de tudo o que restou do amor!

Quanto vale essa moeda? Vale tudo!
Seu ouro eterniza um grande ideal!
E ela traduz o sacrifício mudo
Daquela eternidade de metal.

Ela que vem das mãos dos que se amavam,
Vale esse instante, que não tinha fim,
Em que dois sonhos juntos se ajoelharam
Quando a felicidade disse :"Sim"

Vale o que vale a união de duas vidas
Que riram e choraram a uma voz,
E, simbolicamente desunidas,
Vão rolar desgraçadamente sós.

Vale a grande renúncia derradeira
Das mãos que acariciam maternais,
O menino que vai para a trincheira
E que talvez...talvez não volte mais...

(Guilherme de Almeida)

Minhas homenagens aos jovens paulistas que morreram heroicamente defendendo um ideal, e a todos que lutaram pela volta do regime constitucional ludibriado pelo getulismo.

VOVÓ GUITA