quinta-feira, 12 de julho de 2007

Reflexões

Fotografia de Simone.Carboni.P.

18 de Maio de 1991.

Há alguns anos li uns livros do escritor austríaco Stefan Zweig que, tendo abandonado a Europa durante a perseguição nazista, suicidou-se no Brasil, em Petrópolis, em 1942.
Deles o que me deixou forte impressão foi " 24 horas da vida de uma mulher".
Nele o autor mostra como a vida de uma pessoa pode transformar-se de um momento para o outro, por situações nunca antes sonhadas. Da alegria passa-se à dor numa reviravolta tão rápida e constrangedora que muitas vezes pensamos que o mundo vai desabar sobre nós.
As inquietudes sempre estão à nossa espreita, mormente quando sentimos o peso dos anos. Outro dia estava toda feliz, fazendo planos de encontrar-me com a minha família em uma festa de casamento de um sobrinho, quando meu marido falseou ao pegar uma escova e quebrou o fêmur.
Num abrir e fechar de olhos troquei uma festa por um quarto triste de hospital.
No mesmo dia em que meu marido foi internado, entrou um senhor moço na UTI, enquanto sua senhora aguardava na sala de espera ansiosa pensando tratar-se de um derrame ou meningite.
Na manhã seguinte recebeu de chofre a notícia de que o marido havia falecido de aneurisma. As cenas que se seguiram foram horríveis. A vida daquela mulher transformou-se em menos de 24 horas, não podendo mais contar com o apoio do marido para criar os filhos.
Quando se está feliz, colhendo rosas no caminho da vida, esquecemo-nos que os espinhos estão à espreita. Se caminhamos por um vale verdejante logo temos que galgar uma montanha. Nossa vida é cheia de altos e baixos.
Mas, como diz o poeta, " quem passou pela vida em brancas nuvens, quem passou pela vida e não sofreu, foi espectro de homem, não foi homem, passou pela vida e não viveu ".
Vivamos, pois, intensamente os momentos felizes, a infância, juventude e mocidade. Nelas " as esperanças vão conosco à frente e os desenganos vão ficando atrás". Mas na velhice acontece o contrário " Os desenganos vão conosco à frente e as esperanças vão ficando atrás".
Mas em meio à desgraça, há um lado positivo. Fiquei conhecendo a nova Santa Casa e vi que pela sua organização não fica nada a dever às maiores de São Paulo. O corpo de enfermagem é ótimo. Senti-me amparada pela dedicação e bondade das enfermeiras e todo o pessoal da limpeza. À elas o meu muito obrigada ! Aos clínicos que trataram do meu marido, meus agradecimentos. Graças à Deus que há sempre uma luz no fim do Túnel.

VOVÓ GUITA