domingo, 22 de abril de 2007

Carta do Leitor

Jaú, 21 de Março de 1986

Rememorando os tempos passados ( minha mãe dizia de "antanho") minha professora primária ensinava na aula de ciências que o sapo passava por mudanças de forma. E dizia com ênfase :"Essa mudança chama-se metamorfose. Repitam comigo esta palavra" E a classe em uníssono respondia : " Metamorfose".
Além do sapo ser asqueroso (Tiana, nossa babá, dizia que ele fazia xixi no olho da criança que o cutucava, deixando-a cega) ainda carregava palavra tão difícil.
Então eu associava o sapo à " metamorfose". Com o passar dos anos , porém, vi que não era só o sapo que tinha este privilégio. Nossos usos,costumes, nossa língua e até nossa
religião passavam por metamorfoses.
Na primeira infância e juventude, tinha-se um apreço tão grande à religião ( eu tenho até hoje, graças à Deus) que a criança era preparada, moldada, para que seus atos fizessem jus aos mandamentos de Deus. O catecismo fazia parte da educação. Era tão estudado quanto um livro de leitura. Tinha-se tanto respeito à Igreja quer na maneira de trajar, como se portar dentro
dela.Tomava-se comunhão em jejum com a cabeça coberta por um véu. As mães preocupavam-se com a educação espiritual dos filhos para que crescessem tementes a Deus.
Quanta metamorfose! Hoje são raras as mães que se preocupam com uma orientação religiosa aos filhos, seja qual for a religião. Esta é um baluarte que serve de alicerce à conduta do indivíduo.
O nosso País, meu neto, já passou por
situações bem piores que esta e não me lembro de haver trombadinhas assaltantes e outros delinquentes. As portas das casas estavam sempre abertas, as crianças que moravam nos sítios caminhavam quilômetros à pé rumo à escola, sem que ninguém as molestasse. Havia o respeito mútuo, o amor ao próximo. Tudo isso porque o homem tinha Deus no coração. É por isso, meu neto, que não acredito quando nossos políticos, nas suas promessas, jogam a culpa na situação sócio- econômica do País e prometem mudá-la para o bem do povo.
Enquanto não educar nosso povo, mormente uma educação religiosa, tudo será em vão.
Sei que você está me achando " piegas" mas a minha vivência me autoriza a dizê-lo. E que o lema:

"Educação para todos" seja cumprido com todo o rigor.


VOVÓ GUITA


4 comentários:

Anônimo disse...

Sinto-me honrada por ter conhecido e convivido com a querida d. Nilza, em S.Paulo ou em sua acolhedora casa em Jaú e com ela ter partilhado muitos momentos alegres entre a família e amigos, quer ouvindo prazeirosamente o relato de suas recordações na nitidez plena e culta de seus 90 anos, quer usufruindo de seu carinho advindo de uma afeição recíproca e sincera entre nós.
Tive a oportunidade de presenciar a grande matriarca em seus exemplos de união e amor transmitidos e vivenciados entre os filhos, netos e bisnetos, contagiando a nós "os agredados".
Simone, justo é seu tributo a sua vózinha, nesta homenagem carinhosa onde faz aflorar suas lembranças com grande sensibilidade. Quantos momentos alegres e saudosos!
Que Deus a tenha,hoje e sempre, em sua Luz! Saudades em nossos corações,
Maria Alice

Anônimo disse...

Gostei muito do blog da dona Nilza, fui seu vizinho, e um mes antes de seu falecimento dona nilza levou minha mulher e meu filho conhecer sua casa inteirinha, onde mostrou todos os seus aposentos e mostrou em detalhes a decoração que foi inspirada em uma revista europeia, segundo foi contado por ela.
Fiquei muito contente por este convite de D. Nilza e isto me deixou particularmente uma imagem muito positiva desta senhora.
Ela realmente merecia um blog desta categoria, gostei principalmente das fotos antigas.

Victor Eugênio Pedro Forte

Jonathan disse...

A humanidade vai de um extremo ao outro. Acho que não é legal pensar num Deus cruel e que castiga a criança por fazer algo errado, porém não é interessante viver numa sociedade em que Deus é esquecido. Então é mister que haja uma síntese maravilhosa! Mas acho que ela ainda está longe!

Jonathan disse...

adorei a terceira música!!! kkk