quinta-feira, 11 de outubro de 2007

Evasão Escolar

Foto: Simone.Carboni

05 de maio, de 1995.

Diziam os antigos que "o coisa ruim tanto pintou o olho do filho que até furou".
O mesmo está se dando com a proteção ao menor. Exageraram tanto no Estatuto do Menor e Adolescente, que o tiro saiu pela culatra. Aumentaram os infratores menores que são aproveitados pelos bandidos adultos devido à impunidade. Pelo Estatuto as empresas não podem utilizar menores de 14 anos em mão- de -obra. E daí? O governo e a sociedade lhes dão alguma chance de sobrevivência?
Li que a fundação Abrinq, pelos direitos da criança, lançou o programa " Empresa Amiga da Criança" com o objetivo de tirar 3,5 milhões de crianças como mão-de-obra. As empresas não empregariam menores de 14 anos e receberiam um certificado da Fundação. Será que houve estudo profundo dessa situação? Sem visão correta do problema a solução pode estar errada. Que tal fosse o contrário? A Abrinq daria um certificado às empresas que dessem mão de obra às crianças tirando-as da rua e incentivando-as à frequência escolar?
Sei de menores que estudam e trabalham. Tive diversos alunos que trabalhavam e eram mais responsáveis.
Para o presidente daquela fundação a alta taxa de evasão escolar tem relação com o trabalho do menor.
Por que meninos de rua não trabalham e não frequentam escola? A evasão escolar encontra a grande causa na ignorância dos pais que descuidam da educação dos filhos. Se houvesse uma política de repressão aos pais que descuidam da educação dos filhos tirando-os da escola sem necessidade, não haveria tanta evasão escolar.
Lembro-me que na minha infância, quando frequentava o primário naquela escolinha humilde de São Pedro do Turvo, a frequência era levada a risco, auxiliada pela política. O cabo Daniel ia atrás dos pais obrigando-os a colocarem os filhos na escola. Crianças vinham de longe em busca do saber e a cidade se vangloriava de ter o mínimo de porcentagem de analfabetismo.
Podemos tomar como exemplo as famílias japonesas. O trabalho dos menores japoneses é aproveitado sem que isso lhes afete os estudos.
Mas há sempre uma luz no fim do túnel: acabo de ler que na cidade de Caeté, em Minas Gerais, o delegado está investigando crianças da cidade que não comparecem às aulas, procurando os pais ou responsáveis para saber o motivo da ausência.
A ação do delegado se baseia no artigo 246 do Código Penal que trata do abandono intelectual ( deixar de garantir, sem justa causa, o direito da criança à instrução). A pena varia de 15 dias a um mês de prisão ou pagamento de multa.
Se todas as leis fossem cumpridas a rigor, não estaríamos enfrentando tantas dificuldades e nossas crianças teriam um futuro promissor.
Vovó Guita

8 comentários:

Simone Carboni P. Arcoverde disse...

Ao redigir este texto de minha avó, do ano de 1995, noto que há pontos a ponderar nesta questão do trabalho ao menor...
Concordo em parte com as opiniões de minha avó, até porque ela viveu em uma outra época e em uma cidade de interior,onde as coisas eram mais fáceis de administrar e tudo era muito diferente.
Eu não concordo com o trabalho infantil! Já estou farta de ver crianças sendo exploradas por seus próprios pais nas ruas.O que seriam dessas crianças se as empresas passassem a contratá-las e a garantir um salário ? Isso as livrariam dos crimes e das drogas?
Sinceramente, o lugar de criança não é na rua e nem no trabalho.Sou a favor dos programas de incentivo em que o governo ajuda financeiramente as famílias que garantem a frequência de seus filhos às aulas! No meu ponto de vista seria a melhor forma de prevenir a evasão escolar!

Alexandre disse...

Realmente, o menor hoje tem tudo para se transformar em um bandido futuramente. Na minha cidade, tem a instituição de formação de guarda mirins, que acolhia os jovens a partir de 7 anos. A criança era obrigada a estar estudando para poder permanecer na entidade. Entre outras coisas, a entidade empregava os menores, dando-lhes a oportunidade de ajudar suas famílias e iniciar-se profissionalmente. Hoje, com o estatuto do menor, a instituição só aceita crianças a partir de 14 anos, e muitos com essa idade, já não querem saber de nada. Parabéns pelo texto e pelo blog. Abraços.

O Enxadrista disse...

Achei interessante essa parte "A Abrinq daria um certificado às empresas que dessem mão de obra às crianças tirando-as da rua e incentivando-as à frequência escolar".

Isso seria interessante. Claro, não colocando as crianças para TRABALHAR, mas fazendo com que elas aprendessem sobre o trabalho que poderiam exercer daqui a alguns anos.


Abraços.

http://oenxadrista.blogspot.com/

Anônimo disse...

muito bom o seu blog..parabens

Skooth disse...

Gostei :)

Anônimo disse...

Estamos tão acostumados com a falta de capacidade dos nossos governantes que paro pra pensar se o problema nao eh que temos muitos politicos sem capacidades intelectual, ou muito intelectual sem capacidade politica! a cada dia me envergonho com as coisas que acontecem no nosso pais. pais esse q todos dize eh "Maravilho" num tem desastres da natureza, e bla, bla,bla... vejo q a violencia, a alta de cultura da popução, a falta de bom senso por parte d alguns, e o comodismo da população eh q fazem com que"Neztepais" praticamente tudo seje uma "merda". fico muito triste com essas coisas, c num dermos educação, trabalho, e principalmente ensinarmos valores pras nossoas crianças... seram futuros bandidos, traficantes, teram uma vida rapida, morreram aos 20 anos e a população só vai saber criticar esse jovem q foi sempre "desprezado" pela sociedade... nao estou generazindo, apneas vendo os dois lados da coisa...
Obrigado pelo comentario no meu blog, espero q volte!
abrass

Arthurius Maximus disse...

Esse é o grande problema brasileiro, políticos que acham que vivem na Europa e uma realidade africana. Um dos maiores tiros no pé da história foi a aprovação do ECA. Crianças con tinuam desprotegidas e largadas a própria sorte e o crime ganhou uma legião de soldados fiéis e iniputáveis.

César Schuler disse...

muito bom texto!