quinta-feira, 19 de julho de 2007

Nossas Crianças



20 de abril, de 1991.

Ia voltando de
uma consulta médica, quando ouvi uma voz de criança:
- Tia,como vai?
Voltei-me e deparei com o Marcelo, um menino de rua que tornou-se meu amigo.
Esqueci-me por um instante da minha preocupação com a advertência médica sobre a ameaça de uma angina. Achei gratificante a maneira como o garoto me inqueriu.
Conheci-o quando as goiabeiras de meu quintal estavam carregadas de frutos maduros.
Era uma atração para quem passasse pela rua. Ele e seus amiguinhos pularam o muro e estavam com os bolsos cheios de frutas, quando lá apareci. Repreendi-os com carinho e lhes ensinei a maneira educada de alcançar o objetivo: batendo palmas para chamar O dono e lhe pedir por favor, umas goiabas. Fiz com que descessem das árvores e ensinei-os como deveriam proceder. Com essas boas maneiras deixei-os no quintal à vontade prometendo-lhes que se assim agissem, teriam as frutas. Minha lição teve êxito, foi seguida à risca, e eles se tornaram meus amigos. Onde quer que estejam, vadiando pelas ruas, quando os vejo vêm logo me cumprimentar. Não frequentam escolas e se negam a falar sobre família.
Nossos políticos falam tanto da infância abandonada, enchem papéis de leis inúteis que são relegadas a um canto, mas, ninguém quer chegar ao âmago da questão que é amparar a família. Certa vez, no " Major Prado", assisti a conferência de um padre que abordou com lógica esse assunto. O passarinho não pode viver sem ninho, nem a criança sem um lar, pois, nele está seu amparo e seu refúgio. Por mais pobre que ele seja, é um esteio que precisa ser amparado e através dele, a criança.
Se nossas instituições fossem à luta, cumprissem com suas obrigações primordiais, seria uma esperança. Falar sobre o extermínio de menores, trombadinhas, viciados em cola de sapateiro, não resolve nada.
Diz um provérbio chinês que " é melhor acender uma vela, do que amaldiçoar a escuridão". Aí está: precisa mais ação, mais amparo à infância que despejar preocupações em leis sem cumpri-las. Só satisfaz o ego do político vaidoso, cioso do seu nome no meio de comunicações como jornais, rádios e televisões.
Não adianta propalar aos quatro ventos que há milhares de crianças abandonadas se na realidade, nada está sendo feito para que elas tenham uma perspectiva de um futuro melhor.
Não seria melhor fazer um recenseamento das famílias carentes dando-lhes um apoio moral de que tanto necessitam tendo em vista as crianças?
Não é melhor acender uma vela de esperança que amaldiçoar a escuridão?
VOVÓ GUITA

3 comentários:

Unknown disse...

Oi.
Nossa,linda estória.

Nossas crianças estão desamparadas d+++ no Brasil,as famílias pobres em geral né.
Poxa,1991...ai,ai,ai...um dia isso muda.
Muito bom.

monidibb disse...

Fico sempre encantada quando venho aqui...
Quais as músicas preferidas de Vovó Guita?Te pergunto isso lá no meu blog;dá um pulo lá!

blogbeijos!

Anônimo disse...

Vi no orkut que você queria trocar links, tenho interesse em colocar outros sites no meu blogroll, mas ficaria feliz de também ser indicado no seu... abs.